Não é coisa que faça todos os dias, até porque seria impossível, mas o leitor do emEM/em não pode imaginar o que seja pedir a transferência de um telefone fixo em bairros centrais da capital de todos os mineiros. Por onde começar? Bem, você começa pelo 102 e conversa com uma gravação: no duro, mesmo, com uma gravação, que lhe pede o nome da cidade desejada, você escande as sílabas dizendo Belo Horizonte e a gravação repete “Belo Horizonte correto ou não”?
Creio desnecessário dizer que, enquanto philosopho, a esta altura já estou às turras com a voz gravada, que me informa, depois do terceiro telefonema, o número que devo discar: zero oito zero zero zero três um zero zero zero zero um.
Disco e sou informado de que o número correto é um zero três três um, mas já me deram um protocolo de 12 números, que anotei bobamente, porque o protocolo final é de 11 números diferentes do primeiro, com as seguintes particularidades: algumas das vozes, gravadas ou não, falam meia, enquanto outras falam seis. E seis se confunde com três.
Finalmente, bumba! surge Viviane na linha, sem que a gente saiba se o seu call center fica em Cametá, PA, Carazinho, RS, no Suriname ou na Índia. Viviane tem sotaque nordestino e o meu ouvido, apesar do recente e bom teste audiométrico, não conjumina, nem sequer congemina com o falar da jovem.
Um sem conto de vezes peço-lhe que repita suas perguntas e acabamos nos entendendo quanto à transferência do número, quando sou informado de que haverá taxa extra de R$ 50, porque a operadora de telefonia fixa e celular é muito pobrezinha, tadinha.
Eduardo de Almeida Reis – Coluna Tiro Queda – EM 11/02/2010/