Atlético

Eu tinha prometido para mim mesmo que não iria mais falar da derrota do Galo.
Durante toda a semana passada e esta semana, nós, Atleticanos que amamos de verdade nosso time e propagamos isto aos quatro ventos tivemos que aguentar calados as inúmeras gozações dos Cruzeirenses e eu, em particular, ainda tive que aguentar as gozações do Léo, um amigo que se dizia torcedor do América e que de uma hora para outra “mudou” de time, o que para mim é uma Heresia, uma irracionalidade, uma falta de personalidade !

Mas ouvi calado ! Diante da limitadissima equipe que meu Glorioso Clube Atletico Mineiro tem, não havia nada que eu pudesse argumentar e sou obrigado a reconhecer a superioridade do Cruzeiro na final do Mineiro.

Mas hoje recebi um texto do Fernando, meu amigo que me lavou a alma. Acho que ele conseguiu expressar em palavras tudo que sentimos e toda nossa tristeza pelo acontecido.
Segue então abaixo, ” in Verbis” (gostei deste treco Cláudio), o texto do Fernando, a quem, de público, cumprimento pela beleza !

Enquanto isso, nós atleticanos vivemos um momento de reflexão, de tristeza, de choro engasgado, situação da qual faz-se indispensável um desabafo.

Feliz daquele que teve um dia na vida a oportunidade de torcer nas arquibancadas do Mineirão para o Clube Atlético Mineiro.

Feliz daquele que teve um dia na vida a oportunidade de ouvir a narração de um gol do Galo na rádio Itatiaia pelo Vilibaldo Alves, pelo Willy Gonser (ou até mesmo pelo Alberto Rodrigues, quase chorando).

Feliz daquele que desde criança sabe que após um barulho de fogos de artifício, ou de um copo se quebrando ao chão, sempre se ouvirá algum apaixonado a gritar ‘GALOOO!’, em qualquer lugar do mundo!

Feliz daquele que sabe que um dos grandes poetas e escritores do Brasil, Roberto Drumond, traduz sua paixão pelo futebol, e porque não pela vida, em sentimentos que milhões se orgulham de carregar no peito: o coração alvinegro. E diz: ‘Se houver uma camisa preta e branca pendurada no varal durante uma tempestade, o atleticano torce contra o vento. ‘

Feliz daquele que sabe o que é pisar no Mineirão, cantar o hino, pular feito louco, saborear um tropeiro e beber uma cerveja semi-gelada, só para ver o Galo jogar. Isso é que é torcer para um time.

Mas o que é ser atleticano? É uma doença? Doidivana paixão? Uma religião pagã? Benção dos Céus? É a sorte grande?

O primeiro e único mandamento do atleticano é ser fiel e amar o Galo independente do que acontecer.

A bandeira atleticana cheira a tudo neste mundo: Cheira a lágrimas; cheira a grito de gol; cheira a dor; cheira a festa e à alegria; cheira até mesmo a perfume francês.

Só não cheira a naftalina, pois nunca conhece o fundo do baú, tremula ao vento.

A gente muda de tudo na vida: Muda de cidade; muda de roupa; muda de partido político; muda de religião; muda de costumes. Até de amor a gente muda.

A gente só não muda de time, quando ele é uma tatuagem com as iniciais CAM, do Clube Atlético Mineiro, gravada no coração. É um amor cego e têm a cegueira da paixão.

Já vi atleticano agir diante do clube amado com o desespero e a fúria dos apaixonados. Já vi atleticano rasgar a carteira de sócio do clube e jurar:

‘Nunca mais torço pelo Galo’. Vi atleticano falar assim, mas, logo em seguida, juntar os pedaços da carteira rasgada e colar, como os amantes fazem com o retrato da amada.

Que mistério tem o Atlético que, às vezes, parece que ele é gente?

Que a gente o associa às pessoas da família (pai, mãe, irmão, irmã, tio, tia, prima etc, etc, etc.)?

Que mistério tem o Atlético que a gente o confunde com uma religião?

Que mistério tem o Atlético que, à simples presença de sua camisa preta e branca, um milagre se opera? Que tudo se alegra à passagem de sua bandeira? Que tudo se transfigura num mar preto e branco?

Ser atleticano é um querer bem. É uma ideologia.

Não perguntem se sou de esquerda ou de direita. Acima de tudo, sou atleticano, e nesse amor, pertenço ao maior clã do planeta: o Clube Atlético Mineiro, uma instituição onde cabem homens, mulheres, jovens e crianças.

Diante do Atlético todos são iguais.

Obrigado, Senhor, por ter me dado a sorte de nascer atleticano.

GALO!!!GALO!!!GALO!!!GALO!!!GALO!!!GALO!!GALO!!GALO!

Fernando

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