Jornal Estado de Minas – Coluna Tiro & Queda – 19.2.09
Eduardo de Almeida Reis
Desde menino frequentei coxias de teatros, levado por parentes que dirigiam as casas de espetáculos. No Municipal do Rio cantava um baixo italiano, Italo Tajo, especialista em Mozart e Rossini, que fumava charutos.
No duro mesmo: fumava charutos na coxia, espaço situado entre o palco o os fundos do teatro, que não é visto pelo público, onde os atores aguardam a hora de entrar em cena.
O leitor do EM já deve ter adivinhado o nome do menino que segurava o charuto do basso, nos minutos em que ele se esgoelava em cena.
Pelo material inflamável das coxias dos teatros, presumo que seja terminantemente proibido fumar, mas Tajo fumava porque os tempos eram outros e ainda não havia o tsunami antitabagista que tomou conta do pedaço.
Engraçado: tsunami é vaga marinha volumosa, mas o Houaiss diz que o substantivo é masculino.
Nas coxias, nunca entendi aquela história de os amigos e colegas desejarem m., palavra de cinco letras, ao pessoal que entrava em cena. Só sabia que significava “sucesso”, sem entender por quê.
Há muita coisa que a gente aprende e repete sem saber. Um exemplo: nunca entendi a frase “por favor, estenda o fio de extensão”. Estender vem do latim extendo, is. Extensão vem do latim extentio, onis. Nosso bom Houaiss, no verbete estender, explica: a grafia oficial desta palavra exige o s, em confronto com o étimo latino que é com x, o qual, no entanto, foi mantido em extensão, extensivo, extenso etc.
Vá a gente dormir com um barulho desses, ou dormir com uma gramática, que deve ser mais ou menos a mesma coisa.
Eis que recebo e-mail intitulado merde, que em francês tenho a coragem de grafar, mandado pelo grande Roldão Simas, nascido em Niterói, residente em Brasília. Em França, como num país grande e bobo, merde significa “matière,fécale”, “excrément”. Já pensaram na confusão que os gênios do nosso Acordo Ortográfico aprontariam nos países de língua francesa, com os acentos virados para lá e para cá?
Acontece que os franceses de Paris, no século XIX, chegavam aos teatros em seus carros puxados por mulas e cavalos, que ficavam parados nas imediações.
Durante a encenação das peças, os animais obravam gostosa e abundantemente. Portanto, quando mais merde houvesse à frente dos teatros, maior teria sido o sucesso de bilheteria.
Assim, desejar merde, até hoje, é desejar que o artista tenha sucesso.
Em paises de língua inglesa a saudação é “break your legs” (“quebre as pernas”) cuja origem vem do fato de que antigamente jogava-se dinheiro no palco para agradecer à atuação. Para pegar o dinheiro, era preciso “quebrar as pernas”, ou se preferir, dobrar os joelhos.
Ou pelo menos é isso que me lembro de ter lido a muito tempo atrás quando tive curiosidade sobre a frase! hehe
Legal isto né cara ! Eu acho legal esta curiosidades sobre estas frases que a gente não sabe de onde vem !
Valeu Dino ! O Blog também é cultura !